Traduzido por Roberto Almeida
As notícias da rbnews internacional desta semana:
Em meio a uma forte repressão, mas com apoio massivo, continua a luta dos moradores de Skuriés em Calcidia contra a construção da mina de ouro na região, pelas mãos da empresa Ouro Grego. A primeira venda de uma propriedade pública já aconteceu: uma área em Corfu foi repassada para uma empresa norte-americana para investimento turístico. O ex-prefeito de Salônica e seus colaboradores foram condenados a prisão perpétua depois de terem sido declarados culpados pelo desvio de verba pública. O partido neonazista Aurora Dourada está recrutando crianças e organizando cursos de “despertar nacional e espiritual”. Por último, a nova administração do Fundo de Estabilidade Financeira tem salários astronômicos em plena crise grega.
1. Skuriés
50 moradores presos, detenções de várias horas sem qualquer acusação, retirada de amostras de DNA, violência psicológica e criminalização de crenças políticas. Essa foi a reação policial ao ataque realizado na sede da empresa Ouro Grego em Skuriés.
Na segunda-feira, 25, e na terça-feira, 26 de fevereiro, a polícia enviou cartas oficiais aos habitantes da região para que se apresentem à delegacia para prestarem depoimento.
No domingo, 24 de fevereiro, aconteceu uma manifestação na entrada da vila Megali Panayía, em que participaram 3 mil pessoas. Habitantes de vários povoados da região, assim como das áreas de Kilkis, Komotini e Alexandroupolis, onde também há planos para construção de minas. Também participaram muitas outras pessoas de outros cantos da Grécia em solidariedade com a luta dos povoados de Calcídia.
No dia anterior, três moradores da região haviam sido presos. A população aguardou sua liberação em frente à delegacia da cidade de Poligyros, cercada por um grupo de policiais antidistúrbios, prontos para agir. Entre os presos estava uma mulher detida na delegacia desde as 5h30 até as 20h sem nenhuma acusação formal. Depois da liberação, os presos foram levados em caravana até a vila de Ierissos, onde eram esperados pelos moradores, que os receberam com uma salva de palmas.
O conflito na mineradora em Calcídia chegou à imprensa nacional e internacional depois do ataque e sabotagem, no dia 17 de fevereiro, da construção da empresa Ouro Grego. Sobretudo, há uma longa história, de mais de duas décadas. Além da jazida de ouro, que está documentada desde a antiguidade, também há jazidas de cobre, chumbo e prata. O grupo do magnata grego Bodosakis explorou os recursos da região até o final dos anos 1980. O Estado grego interveio para a instalação de uma infraestrutura mais moderna, mas pouco tempo depois a empresa se tornou deficitária e finalmente foi liquidada em 1992. Desde então, a empresa canadense TVX Gold entrou no jogo como “investidor estratégico”, e em 1995 venceu a licitação para explorar a região de Kassandra.
De 1996 a 2002, os moradores de Kassandra lutaram contra a extração de ouro. Depois de muitos protestos e da destruição de equipamentos da TVX Hellas, eles apelaram ao Conselho de Estado, e conseguiram o fechamento da companhia em 2003, logo após ela ter declarado falência.
Em 2003, o então vice-ministro de Finanças (e agora prefeito do povoado de Aristóteles, em Calcídia), Cristos Pahtas, tomou medidas para que o Estado ajudasse a TVX Hellas a cumprir suas obrigações financeiras com seus empregados, já que a empresa devia vários meses de salário. Pahtas também eximiu a companhia de qualquer obrigação de restauração ambiental. As minas foram vendidas posteriormente à empresa Ouro Grego (fundada na véspera da venda por um colaborador próximo do magnata grego Giorgos Bobolas). A Ouro Grego foi comprada em 2007 pela European Goldfields, que mais tarde foi fundida com a empresa canadense Eldorado Gold. Ela possui hoje 95% da Ouro Grego.
2. Kassiopi: primeira venda de bens públicos na Grécia
No final de janeiro, o TAIPED (Ativos do Fundo de Desenvolvimento da República Grega), organismo responsável pela venda de bens públicos, anunciou que aceitara a oferta do fundo de investimentos americano NCH para a compra de 17 hectares na região de Kassiopi (Ermitis) em Corfu. O investidor tem direito a explorar essa área por 99 anos em troca de 23 milhões de euros. Foi a primeira venda pública de bens feita pelo TAIPED.
O investimento turístico em Kassiopi foi classificado como “suave”. No entanto, os investidores construíram uma cidade inteira na região, incluindo campo de golfe privado, praia privada e uma urbanização privada sem regulamentação. Os novos proprietários da área também têm direito à expropriação ilimitada da área vizinha, se considerarem “necessário para os fins do investimento”.
Kassiopi é uma área verde de 49 hectares, de uma beleza natural intacta e excepcional, com bosque, lago, edifícios históricos e praias. Tudo foi adquirido pelo fundo norte-americano através de uma licitação internacional, que teve um único candidato. De acordo com o contrato de concessão, o investidor tem direito a sublocar a área no futuro e goza de facilidades tributárias.
No entanto, organizações ambientalistas e muitos cidadãos se mostraram em desacordo com o tal investimento, e as autoridades locais apresentaram um pedido de anulação da decisão do TAIPED, que ainda está pendente de resolução.
A reclamação se baseia no perigo que o investimento traz para a integridade ambiental da região, e nos ganhos nulos da venda para a sociedade grega estatal e local. Os valores recebidos pelo Estado serão depositados diretamente em uma conta especial para o pagamento da dívida grega, enquanto o modelo “all inclusive” do investimento não deixa margem de benefício para a sociedade local.
De fato, a empresa tem realizado outros investimentos em países vizinhos com objetivo de produzir lucros rápidos, sem levar em conta o impacto no meio ambiente e nas pessoas que vivem nas áreas.
3. Prisão perpétua para o ex-prefeito de Tessalônica por desvio de verba pública
Na última quarta-feira, 27 de fevereiro, o ex-prefeito de Tessalônica, Vassilis Papageorgopoulos, foi condenado por cumplicidade e omissão por não denunciar irregularidades. Dois de seus colaboradores próximos, Mihalis Lemussias e Panaiotis Saxonis, foram declarados culpados por desvio de verbas públicas. O tribunal também declarou culpados os diretores do serviço de contabilidade, acusados de ajudar Saxonis. Três vice-prefeitos e 10 funcionários da prefeitura foram declarados inocentes. Papageorgopoulos e seus colaboradores foram condenados à prisão perpétua, enquanto o presidente do Tribunal sustentou que a sentença dos criminosos exclui sua vida honesta diante do delito. Mesmo assim, Papageorgopoulos negou sua responsabilidade.
4. "A educação infantil" do Aurora Dorada
Depois de recrutar adolescentes nos colégios, o Aurora Dourada começou a recrutar crianças pequenas nas escolas primárias. Segundo o anunciado em sua página da internet, as oficinas locais do partido neonazista organizam os chamados “programas de despertar nacional e espiritual”, dirigidos principalmente a crianças de 6 a 10 anos. O programa se chama “Pais” e as crianças assistem à doutrina com o consentimento e a presença de seus pais. Um dos primeiros “cursos” foi realizado na semana passada em um subúrbio de Atenas e dois “educadores”, membros da organização neonazista, cumpriram o papel de professores.
O partido publicou fotos do evento na internet, onde anuncia a organização de mais um “curso”, e também explica que os pais serão informados sobre o “progresso” de seus filhos. A notícia foi disseminada amplamente pela mídia tradicional e alternativa. Começaram a surgir boatos sobre a possibilidade de que os chamados “educadores” sejam empregados de escolas públicas, algo que muitos consideram contra a ética da sociedade grega.
5. Nova Administração no Fundo Grego de Estabilidade Financeira
A nova administração do Fundo de Estabilidade Financeira foi anunciada no dia 30 de janeiro pelo Ministério das Finanças, e apenas um membro da antigo grupo se manteve no cargo.
O cargo de presidente foi dado ao holandês Paul Koster. Anastasia Sakelariu foi nomeada consultora executiva e Marios Koliopoulos, assistente executivo. Anastassios Gagalis manteve seu cargo. O mandato vai até o dia 30 de julho de 2017.
Apesar da importância da notícia, houve um aspecto flagrantemente ignorado pelos meios de comunicação: os salários dos membros da organização. Segundo o Boletim Oficial do Estado, os salários dos oito novos membros designados pelo governo na administração terão um custo anual de 785 mil euros. A maioria dos novos membros são tecnocratas que tiveram, no passado, cargos em bancos estrangeiros e instituições internacionais.
Depois da decisão do ministro das Finanças, Yannis Stournaras, os salários anuais dos membros da nova administração do fundo se distribuem da seguinte maneira”
Paul Koster, Presidente: 100.000 €
Andreas Beroutsos, Membro: 30.000 €
Giorgos Mergos, representante do Ministério das Finanças: 30.000 €
Efthymios Gatzonas, representante do Banco da Grécia: 30.000 €
E os membros da Comissão Executiva:
Anastassia Sakelariou, consultora executiva: 215.000 €
Marios Kolliopoulos, conselheiro executivo assistente: 185.000 €
Anastassios Gagalis, meembro: 165.000 €
As notícias da rbnews internacional desta semana:
Em meio a uma forte repressão, mas com apoio massivo, continua a luta dos moradores de Skuriés em Calcidia contra a construção da mina de ouro na região, pelas mãos da empresa Ouro Grego. A primeira venda de uma propriedade pública já aconteceu: uma área em Corfu foi repassada para uma empresa norte-americana para investimento turístico. O ex-prefeito de Salônica e seus colaboradores foram condenados a prisão perpétua depois de terem sido declarados culpados pelo desvio de verba pública. O partido neonazista Aurora Dourada está recrutando crianças e organizando cursos de “despertar nacional e espiritual”. Por último, a nova administração do Fundo de Estabilidade Financeira tem salários astronômicos em plena crise grega.
1. Skuriés
50 moradores presos, detenções de várias horas sem qualquer acusação, retirada de amostras de DNA, violência psicológica e criminalização de crenças políticas. Essa foi a reação policial ao ataque realizado na sede da empresa Ouro Grego em Skuriés.
Na segunda-feira, 25, e na terça-feira, 26 de fevereiro, a polícia enviou cartas oficiais aos habitantes da região para que se apresentem à delegacia para prestarem depoimento.
No domingo, 24 de fevereiro, aconteceu uma manifestação na entrada da vila Megali Panayía, em que participaram 3 mil pessoas. Habitantes de vários povoados da região, assim como das áreas de Kilkis, Komotini e Alexandroupolis, onde também há planos para construção de minas. Também participaram muitas outras pessoas de outros cantos da Grécia em solidariedade com a luta dos povoados de Calcídia.
No dia anterior, três moradores da região haviam sido presos. A população aguardou sua liberação em frente à delegacia da cidade de Poligyros, cercada por um grupo de policiais antidistúrbios, prontos para agir. Entre os presos estava uma mulher detida na delegacia desde as 5h30 até as 20h sem nenhuma acusação formal. Depois da liberação, os presos foram levados em caravana até a vila de Ierissos, onde eram esperados pelos moradores, que os receberam com uma salva de palmas.
O conflito na mineradora em Calcídia chegou à imprensa nacional e internacional depois do ataque e sabotagem, no dia 17 de fevereiro, da construção da empresa Ouro Grego. Sobretudo, há uma longa história, de mais de duas décadas. Além da jazida de ouro, que está documentada desde a antiguidade, também há jazidas de cobre, chumbo e prata. O grupo do magnata grego Bodosakis explorou os recursos da região até o final dos anos 1980. O Estado grego interveio para a instalação de uma infraestrutura mais moderna, mas pouco tempo depois a empresa se tornou deficitária e finalmente foi liquidada em 1992. Desde então, a empresa canadense TVX Gold entrou no jogo como “investidor estratégico”, e em 1995 venceu a licitação para explorar a região de Kassandra.
De 1996 a 2002, os moradores de Kassandra lutaram contra a extração de ouro. Depois de muitos protestos e da destruição de equipamentos da TVX Hellas, eles apelaram ao Conselho de Estado, e conseguiram o fechamento da companhia em 2003, logo após ela ter declarado falência.
Em 2003, o então vice-ministro de Finanças (e agora prefeito do povoado de Aristóteles, em Calcídia), Cristos Pahtas, tomou medidas para que o Estado ajudasse a TVX Hellas a cumprir suas obrigações financeiras com seus empregados, já que a empresa devia vários meses de salário. Pahtas também eximiu a companhia de qualquer obrigação de restauração ambiental. As minas foram vendidas posteriormente à empresa Ouro Grego (fundada na véspera da venda por um colaborador próximo do magnata grego Giorgos Bobolas). A Ouro Grego foi comprada em 2007 pela European Goldfields, que mais tarde foi fundida com a empresa canadense Eldorado Gold. Ela possui hoje 95% da Ouro Grego.
2. Kassiopi: primeira venda de bens públicos na Grécia
No final de janeiro, o TAIPED (Ativos do Fundo de Desenvolvimento da República Grega), organismo responsável pela venda de bens públicos, anunciou que aceitara a oferta do fundo de investimentos americano NCH para a compra de 17 hectares na região de Kassiopi (Ermitis) em Corfu. O investidor tem direito a explorar essa área por 99 anos em troca de 23 milhões de euros. Foi a primeira venda pública de bens feita pelo TAIPED.
O investimento turístico em Kassiopi foi classificado como “suave”. No entanto, os investidores construíram uma cidade inteira na região, incluindo campo de golfe privado, praia privada e uma urbanização privada sem regulamentação. Os novos proprietários da área também têm direito à expropriação ilimitada da área vizinha, se considerarem “necessário para os fins do investimento”.
Kassiopi é uma área verde de 49 hectares, de uma beleza natural intacta e excepcional, com bosque, lago, edifícios históricos e praias. Tudo foi adquirido pelo fundo norte-americano através de uma licitação internacional, que teve um único candidato. De acordo com o contrato de concessão, o investidor tem direito a sublocar a área no futuro e goza de facilidades tributárias.
No entanto, organizações ambientalistas e muitos cidadãos se mostraram em desacordo com o tal investimento, e as autoridades locais apresentaram um pedido de anulação da decisão do TAIPED, que ainda está pendente de resolução.
A reclamação se baseia no perigo que o investimento traz para a integridade ambiental da região, e nos ganhos nulos da venda para a sociedade grega estatal e local. Os valores recebidos pelo Estado serão depositados diretamente em uma conta especial para o pagamento da dívida grega, enquanto o modelo “all inclusive” do investimento não deixa margem de benefício para a sociedade local.
De fato, a empresa tem realizado outros investimentos em países vizinhos com objetivo de produzir lucros rápidos, sem levar em conta o impacto no meio ambiente e nas pessoas que vivem nas áreas.
3. Prisão perpétua para o ex-prefeito de Tessalônica por desvio de verba pública
Na última quarta-feira, 27 de fevereiro, o ex-prefeito de Tessalônica, Vassilis Papageorgopoulos, foi condenado por cumplicidade e omissão por não denunciar irregularidades. Dois de seus colaboradores próximos, Mihalis Lemussias e Panaiotis Saxonis, foram declarados culpados por desvio de verbas públicas. O tribunal também declarou culpados os diretores do serviço de contabilidade, acusados de ajudar Saxonis. Três vice-prefeitos e 10 funcionários da prefeitura foram declarados inocentes. Papageorgopoulos e seus colaboradores foram condenados à prisão perpétua, enquanto o presidente do Tribunal sustentou que a sentença dos criminosos exclui sua vida honesta diante do delito. Mesmo assim, Papageorgopoulos negou sua responsabilidade.
4. "A educação infantil" do Aurora Dorada
Depois de recrutar adolescentes nos colégios, o Aurora Dourada começou a recrutar crianças pequenas nas escolas primárias. Segundo o anunciado em sua página da internet, as oficinas locais do partido neonazista organizam os chamados “programas de despertar nacional e espiritual”, dirigidos principalmente a crianças de 6 a 10 anos. O programa se chama “Pais” e as crianças assistem à doutrina com o consentimento e a presença de seus pais. Um dos primeiros “cursos” foi realizado na semana passada em um subúrbio de Atenas e dois “educadores”, membros da organização neonazista, cumpriram o papel de professores.
O partido publicou fotos do evento na internet, onde anuncia a organização de mais um “curso”, e também explica que os pais serão informados sobre o “progresso” de seus filhos. A notícia foi disseminada amplamente pela mídia tradicional e alternativa. Começaram a surgir boatos sobre a possibilidade de que os chamados “educadores” sejam empregados de escolas públicas, algo que muitos consideram contra a ética da sociedade grega.
5. Nova Administração no Fundo Grego de Estabilidade Financeira
A nova administração do Fundo de Estabilidade Financeira foi anunciada no dia 30 de janeiro pelo Ministério das Finanças, e apenas um membro da antigo grupo se manteve no cargo.
O cargo de presidente foi dado ao holandês Paul Koster. Anastasia Sakelariu foi nomeada consultora executiva e Marios Koliopoulos, assistente executivo. Anastassios Gagalis manteve seu cargo. O mandato vai até o dia 30 de julho de 2017.
Apesar da importância da notícia, houve um aspecto flagrantemente ignorado pelos meios de comunicação: os salários dos membros da organização. Segundo o Boletim Oficial do Estado, os salários dos oito novos membros designados pelo governo na administração terão um custo anual de 785 mil euros. A maioria dos novos membros são tecnocratas que tiveram, no passado, cargos em bancos estrangeiros e instituições internacionais.
Depois da decisão do ministro das Finanças, Yannis Stournaras, os salários anuais dos membros da nova administração do fundo se distribuem da seguinte maneira”
Paul Koster, Presidente: 100.000 €
Andreas Beroutsos, Membro: 30.000 €
Giorgos Mergos, representante do Ministério das Finanças: 30.000 €
Efthymios Gatzonas, representante do Banco da Grécia: 30.000 €
E os membros da Comissão Executiva:
Anastassia Sakelariou, consultora executiva: 215.000 €
Marios Kolliopoulos, conselheiro executivo assistente: 185.000 €
Anastassios Gagalis, meembro: 165.000 €
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