Traduzido por Roberto Almeida
Nas notícias da semana da rbnews internacional:
- Manifestações em Atenas e Nicosia marcaram uma semana crucial para o destino da economia cipriota;
- A mineradora canadense Eldorado Gold examina a possibilidade de suspender operações na Grécia depois da reação dos moradores do norte do país;
- Governo grego pressiona procuradores para perseguir a revista mensal Unfollow sobre sua capa recente, que mostra uma foto editada do primeiro-ministro;
- Quatro anos depois do assassinato de Alexandro Grigoropoulos os policiais Krkoneas e Saraliotis se despedem da corporação por decisão disciplinar;
- Corpo antiterrorista da polícia vasculha livrarias no centro de Atenas para encontrar leitores dos livros ligados ao roubo em Velvento Kozani;
- Extremista neoliberal e presidente da companhia pública de águas de Atenas é o novo diretor do TAIPED, fundo de privatização das estatais gregas;
- O objetor de consciência Babis Akrivopoulos foi preso na semana passada e mais uma vez enfrenta a Justiça.
1. Chipre
A grave crise no Chipre, gerada pela decisão do Eurogrupo na semana passada, que queria incluir uma taxa sobre depósitos bancários como parte do pacote de resgate, abriu caminho para várias manifestações. Ainda que limitadas a milhares de pessoas, foram bastante grandes para os parâmetros cipriotas. É importante salientar que, ao contrário da polícia grega, a polícia cipriota tinha instruções claras de garantir a segurança dos manifestantes em vez de dispersá-los. Os únicos enfrentamentos reportados até sexta-feira ao meio-dia foram confusões menores na noite de quinta, quando funcionários do Banco Popular do Chipre entraram no Parlamento ao saber que a instituição seria fechada. Manifestantes ouvidos pela radiobubble informaram que os protestos foram realizados por gente de todo o âmbito da sociedade cipriota. Manifestações em solidariedade ao povo do Chipre também foram realizadas em várias cidades gregas na sexta. Usuário do twitter, tanto gregos como cipriotas, expressaram sua frustração com o governo grego, sentindo que sua posição é ainda mais inflexível que a da Alemanha nas negociações do Eurogrupo.
2. Skuriés
O diretor geral da Ouro Grego, filial grega da mineradora canadense Eldorado, disse em coletiva de imprensa na terça que a empresa considerava se retirar da Grécia, dadas as reações das comunidades de Calcídia, Kilkis e Trácia aos planos de extrair ouro, assim como trâmites burocráticos e a falta de uma decisão governamental sobre o plano de investimentos. No entanto, a Eldorado também realizou uma conferência de um dia sobre riqueza mineral no Hotel Grande Bretagne, em Atenas, na quarta-feira, o que parecia desmentir sua intenção de deixar o país. A questão-chave discutida na conferência foi a desconfiança das comunidades locais sobre as mineradoras.
Enquanto isso, a polícia acusou cerca de 20 pessoas sobre o incêndio na mina de Skuriés, em Calcídia, no dia 17 de fevereiro. A acusação tem mais de 700 páginas. A polícia suspeita que um dos acusados tenha entrado na mineradora por trilhas nas montanhas, apesar de ter uma deficiência. Centenas de alunos realizaram na manhã de sexta uma manifestação em Polygyros, capital regional de Calcídia, contra a brutalidade policial aplicada em crianças na vila de Ierissos. Outras manifestações de solidariedade com o povo de Calcídia estão previstas esta semana em Stavros, ao norte da zona mineradora, assim como no oeste grego, em Preveza, e no centro do país, em Volos. Os moradores da zona mineradora também planejam uma manifestação na montanha de Kakavos no dia 25 de março, depois do desfile do Dia Nacional.
Dois documentários sobre a mina de Calcídia foram apresentados no Festival de Documentários de Tessalônica no final de semana. Espera-se que um grande número de pessoas de Calcídia, assim como Kilkis e Trácia, outras duas áreas do norte da Grécia ameaçadas de projetos de mineração, assistirão às projeções previstas para domingo, 24 de março. Os documentários são “Ouro na crise: Tesouro de Cassandra” e “A cobiça da ganância”, produzidos pelos documentários Exandas e a Omnia TV, respectivamente.
3. Possibilidade de processo da procuradoria contra a revista Unfollow
Depois das ameaças ao jornalista da revista Unfollow, a publicação revelou na semana passada que, segundo suas informações, o governo está pressionando procuradores para persegui-la. A acusação será sobre a capa da última edição, ilustrada por uma foto editada do primeiro-ministro Antonis Samaras, com sinais visíveis de tortura no rosto. A capa polêmica foi eleita pela revista como comentário-denúncia das torturas sofridas por anarquistas presos pela polícia em diversas ocasiões. A opção pela foto provocou reações fortes e desproporcionais dos meios tradicionais e dos políticos governistas.
A informação sobre a intervenção do governo no trabalho da justiça foi publicada depois de uma denúncia da mesma revista, na qual o jornalista Lefteris Haralabopoulos recebe reiteradas ameaças de morte contra ele e seus familiares, algumas das quais supostamente feitas por um conhecido empresário. O empresário havia sido acusado em uma reportagem do jornalistas sobre atividades ilegais na comercialização de combustíveis. A revista emitiu um comunicado pedindo ao Poder Judiciário que resista à tentativa de dissolver a separação de poderes, levada a cabo pelo Poder Executivo.
4. A expulsão dos assassinos de Grigoropoulos da polícia
Na terça-feira, 19 de março, o órgão disciplinário de primeira instância da polícia decidiu expulsar os policiais Epaminondas Korkoneas e Vassilis Saraliotis, condenados pelo assassinato de Alexandros Grigoropoulos em 2008. O crime causou uma onda de indignação na Grécia e foi o motivo das revoltas de 2008. No julgmento, realizado dois anos depois, Korkoneas recebeu sentença de prisão perpétua, enquanto Saraliotis pegou 10 anos de prisão.
Desde a condenação até a data de hoje, os dois policiais recebiam 30% de seus salários, o que continuará acontecendo até que a decisão seja definitiva. Ainda cabe apelação ao órgão disciplinar de segunda instância.
5. Controle antiterrorista nas livrarias de Atenas
Segundo informações, depois da detenção por roubo de quatro anarquistas em Velvento, Kozani, o corpo antiterrorista vasculhou livrarias no bairro de Exarhia. O objetivo foi identificar compradores de certos livros, os quais foram encontrados no apartamento um dos presos. As livrarias têm livros relcionados com conceitos da esquerda e do anarquismo, e de vez em quando forças policiais “estacionam” nas áreas. Com base nisso, fala-se que os acusados por vasculhar livrarias estão tentando criminalizar ideias, o que é parte do clima geral de intensificação de repressão no país.
6. O novo presidente do TAIPED
Um neoliberal convicto, Stelios Stavridis foi nomeado o novo presidente do TAIPED (sigla grega para “Ativos do Fundo de Desenvolvimento da República Grega). Stavridis foi candidato nas últimas eleições em um pequeno partido neoliberal e, por vezes, expressou posições extremadas sobre a esquerda, falando em perigo comunista e “consequências catastróficas da ação da esquerda”.
Durante seu mandato como presidente da companhia de águas de Atenas, antes de assumir o TAIPED, Stavridis declarava não admitir a privatização da água de Atenas, o que não passava, segundo ele, de um rumor. Ele bateu o pé ao dizer que a decisão era do governo e do TAIPED, e não da direção da empresa.
Estão sob sua responsabilidade agora as privatizações da companhia de água de Atenas. O cargo de Stavridis na companhia será repassado a Antonis Bartolomeos, que até agora era membro da junta diretiva do TAIPED.
7. Detenção do objetor de consciência Babis Akrivopoulos
Na semana passada, o objetor de consciência Babis Akrivopoulos foi detidos e será julgado imediatamente. Ele foi condenado em 2011, mas havia recebido uma suspensão de dois anos.
No início deste mês foi absolvido outro objetor de consciência, Nikos Karanikas, que foi detido em fevereiro por insubordinação. Karanikas fora absolvido há 13 anos pelo mesmo crime, o que para muitos mostra que a acusação era política. Uma grande onda de simpatia cresceu por ele.
Os dois objetores foram muito ativos nos movimentos sociais durante muitos anos. Note-se que o serviço militar é obrigatório para cidadãos gregos e o direito de insubordinação se resolve com recrutamento constante e negativas da justiça militar.
Nas notícias da semana da rbnews internacional:
- Manifestações em Atenas e Nicosia marcaram uma semana crucial para o destino da economia cipriota;
- A mineradora canadense Eldorado Gold examina a possibilidade de suspender operações na Grécia depois da reação dos moradores do norte do país;
- Governo grego pressiona procuradores para perseguir a revista mensal Unfollow sobre sua capa recente, que mostra uma foto editada do primeiro-ministro;
- Quatro anos depois do assassinato de Alexandro Grigoropoulos os policiais Krkoneas e Saraliotis se despedem da corporação por decisão disciplinar;
- Corpo antiterrorista da polícia vasculha livrarias no centro de Atenas para encontrar leitores dos livros ligados ao roubo em Velvento Kozani;
- Extremista neoliberal e presidente da companhia pública de águas de Atenas é o novo diretor do TAIPED, fundo de privatização das estatais gregas;
- O objetor de consciência Babis Akrivopoulos foi preso na semana passada e mais uma vez enfrenta a Justiça.
1. Chipre
A grave crise no Chipre, gerada pela decisão do Eurogrupo na semana passada, que queria incluir uma taxa sobre depósitos bancários como parte do pacote de resgate, abriu caminho para várias manifestações. Ainda que limitadas a milhares de pessoas, foram bastante grandes para os parâmetros cipriotas. É importante salientar que, ao contrário da polícia grega, a polícia cipriota tinha instruções claras de garantir a segurança dos manifestantes em vez de dispersá-los. Os únicos enfrentamentos reportados até sexta-feira ao meio-dia foram confusões menores na noite de quinta, quando funcionários do Banco Popular do Chipre entraram no Parlamento ao saber que a instituição seria fechada. Manifestantes ouvidos pela radiobubble informaram que os protestos foram realizados por gente de todo o âmbito da sociedade cipriota. Manifestações em solidariedade ao povo do Chipre também foram realizadas em várias cidades gregas na sexta. Usuário do twitter, tanto gregos como cipriotas, expressaram sua frustração com o governo grego, sentindo que sua posição é ainda mais inflexível que a da Alemanha nas negociações do Eurogrupo.
2. Skuriés
O diretor geral da Ouro Grego, filial grega da mineradora canadense Eldorado, disse em coletiva de imprensa na terça que a empresa considerava se retirar da Grécia, dadas as reações das comunidades de Calcídia, Kilkis e Trácia aos planos de extrair ouro, assim como trâmites burocráticos e a falta de uma decisão governamental sobre o plano de investimentos. No entanto, a Eldorado também realizou uma conferência de um dia sobre riqueza mineral no Hotel Grande Bretagne, em Atenas, na quarta-feira, o que parecia desmentir sua intenção de deixar o país. A questão-chave discutida na conferência foi a desconfiança das comunidades locais sobre as mineradoras.
Enquanto isso, a polícia acusou cerca de 20 pessoas sobre o incêndio na mina de Skuriés, em Calcídia, no dia 17 de fevereiro. A acusação tem mais de 700 páginas. A polícia suspeita que um dos acusados tenha entrado na mineradora por trilhas nas montanhas, apesar de ter uma deficiência. Centenas de alunos realizaram na manhã de sexta uma manifestação em Polygyros, capital regional de Calcídia, contra a brutalidade policial aplicada em crianças na vila de Ierissos. Outras manifestações de solidariedade com o povo de Calcídia estão previstas esta semana em Stavros, ao norte da zona mineradora, assim como no oeste grego, em Preveza, e no centro do país, em Volos. Os moradores da zona mineradora também planejam uma manifestação na montanha de Kakavos no dia 25 de março, depois do desfile do Dia Nacional.
Dois documentários sobre a mina de Calcídia foram apresentados no Festival de Documentários de Tessalônica no final de semana. Espera-se que um grande número de pessoas de Calcídia, assim como Kilkis e Trácia, outras duas áreas do norte da Grécia ameaçadas de projetos de mineração, assistirão às projeções previstas para domingo, 24 de março. Os documentários são “Ouro na crise: Tesouro de Cassandra” e “A cobiça da ganância”, produzidos pelos documentários Exandas e a Omnia TV, respectivamente.
3. Possibilidade de processo da procuradoria contra a revista Unfollow
Depois das ameaças ao jornalista da revista Unfollow, a publicação revelou na semana passada que, segundo suas informações, o governo está pressionando procuradores para persegui-la. A acusação será sobre a capa da última edição, ilustrada por uma foto editada do primeiro-ministro Antonis Samaras, com sinais visíveis de tortura no rosto. A capa polêmica foi eleita pela revista como comentário-denúncia das torturas sofridas por anarquistas presos pela polícia em diversas ocasiões. A opção pela foto provocou reações fortes e desproporcionais dos meios tradicionais e dos políticos governistas.
A informação sobre a intervenção do governo no trabalho da justiça foi publicada depois de uma denúncia da mesma revista, na qual o jornalista Lefteris Haralabopoulos recebe reiteradas ameaças de morte contra ele e seus familiares, algumas das quais supostamente feitas por um conhecido empresário. O empresário havia sido acusado em uma reportagem do jornalistas sobre atividades ilegais na comercialização de combustíveis. A revista emitiu um comunicado pedindo ao Poder Judiciário que resista à tentativa de dissolver a separação de poderes, levada a cabo pelo Poder Executivo.
4. A expulsão dos assassinos de Grigoropoulos da polícia
Na terça-feira, 19 de março, o órgão disciplinário de primeira instância da polícia decidiu expulsar os policiais Epaminondas Korkoneas e Vassilis Saraliotis, condenados pelo assassinato de Alexandros Grigoropoulos em 2008. O crime causou uma onda de indignação na Grécia e foi o motivo das revoltas de 2008. No julgmento, realizado dois anos depois, Korkoneas recebeu sentença de prisão perpétua, enquanto Saraliotis pegou 10 anos de prisão.
Desde a condenação até a data de hoje, os dois policiais recebiam 30% de seus salários, o que continuará acontecendo até que a decisão seja definitiva. Ainda cabe apelação ao órgão disciplinar de segunda instância.
5. Controle antiterrorista nas livrarias de Atenas
Segundo informações, depois da detenção por roubo de quatro anarquistas em Velvento, Kozani, o corpo antiterrorista vasculhou livrarias no bairro de Exarhia. O objetivo foi identificar compradores de certos livros, os quais foram encontrados no apartamento um dos presos. As livrarias têm livros relcionados com conceitos da esquerda e do anarquismo, e de vez em quando forças policiais “estacionam” nas áreas. Com base nisso, fala-se que os acusados por vasculhar livrarias estão tentando criminalizar ideias, o que é parte do clima geral de intensificação de repressão no país.
6. O novo presidente do TAIPED
Um neoliberal convicto, Stelios Stavridis foi nomeado o novo presidente do TAIPED (sigla grega para “Ativos do Fundo de Desenvolvimento da República Grega). Stavridis foi candidato nas últimas eleições em um pequeno partido neoliberal e, por vezes, expressou posições extremadas sobre a esquerda, falando em perigo comunista e “consequências catastróficas da ação da esquerda”.
Durante seu mandato como presidente da companhia de águas de Atenas, antes de assumir o TAIPED, Stavridis declarava não admitir a privatização da água de Atenas, o que não passava, segundo ele, de um rumor. Ele bateu o pé ao dizer que a decisão era do governo e do TAIPED, e não da direção da empresa.
Estão sob sua responsabilidade agora as privatizações da companhia de água de Atenas. O cargo de Stavridis na companhia será repassado a Antonis Bartolomeos, que até agora era membro da junta diretiva do TAIPED.
7. Detenção do objetor de consciência Babis Akrivopoulos
Na semana passada, o objetor de consciência Babis Akrivopoulos foi detidos e será julgado imediatamente. Ele foi condenado em 2011, mas havia recebido uma suspensão de dois anos.
No início deste mês foi absolvido outro objetor de consciência, Nikos Karanikas, que foi detido em fevereiro por insubordinação. Karanikas fora absolvido há 13 anos pelo mesmo crime, o que para muitos mostra que a acusação era política. Uma grande onda de simpatia cresceu por ele.
Os dois objetores foram muito ativos nos movimentos sociais durante muitos anos. Note-se que o serviço militar é obrigatório para cidadãos gregos e o direito de insubordinação se resolve com recrutamento constante e negativas da justiça militar.
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