Traduzido por Roberto Almeida
Apesar da mobilização imposta pelo governo aos trabalhadores grevistas do metro de Atenas na semana passada, as greves e protestos no transporte público prosseguiram durante toda a semana.
Na manhã de quarta-feira, 30 de janeiro, trabalhadores do sindicato do partido comunista (PAME) fizeram uma manifestação em frente ao Ministério do Trabalho. Assim que o ministro se negou a recebê-los, eles trataram de ocupar simbolicamente o edifício, provocando uma intervenção da polícia anti-distúrbios com gás lacrimogêneo. Quatro sindicalistas ficaram feridos e 40 foram detidos, sendo que 35 deles permaneceram presos. Mais tarde, manifestantes marcharam em solidariedade em frente à sede da polícia de Ática.
O governo acusou o Partido Comunista Grego (KKE) de tomar o ministério de assalto. A secretaria geral do KKE qualificou as acusações como ridículas e instou o governo a publicar o vídeo da intervenção. O partido SYRIZA denunciou “repressão governamental excessiva”, já que deputados do partido também foram atacados pela polícia. O Partido Comunista também reclamou da ação de agentes secretos que entraram no hospital onde estavam os feridos para anotar seus dados pessoais.
A concentração em frente à sede da Polícia de Ática continuou até quarta-feira à noite, em protesto contra as prisões. Na quinta-feira pela manhã, aconteceu outra manifestação de apoio aos presos, que tiveram de se apresentar ao Tribunal. O julgamento será no dia 12 de fevereiro e os presos foram postos em liberdade. Mesmo assim, o Partido Comunista acusa o governo de apresentar denúncias falsas contra os manifestantes. A tensão também tomou conta da sessão parlamentar realizada na quinta-feira pela manhã, em um intenso debate entre KKE, SYRIZA e governo,
Na quarta-feira, professores de escola primária também protestaram contra a precarização das condições de trabalho dos que têm contrato temporário. Eles se uniram aos estudantes de escolas de arte e música em Atenas e Tessalônica, que protestavam contra os cortes na educação.
Na quinta-feira, em Piraeus, aposentados do setor de trens urbanos ocuparam simbolicamente durante alguns minutos os trilhos do sistema para protestar contra a mobilização forçada de trabalhadores.
Agricultores bloqueiam desde segunda-feira a estrada que liga Atenas a Tessalônica. Na terça-feira eles tentaram ocupar a pista principal, mas não tiveram sucesso devido à forte presença policial.
Ainda na quinta-feira, empregados do setor sanitário realizaram uma manifestação em frente ao Ministério de Saúde contra os cortes do governo. Médicos, enfermeiros e outros empregados marcharam até a Praça Syntagma. Além disso, outra greve tomou conta da cadeia de rádio SKAI, como protesto contra demissões de jornalistas.
Por último, a Confederação Geral dos Trabalhadores da Grécia, o maior sindicato do país, anunciou uma greve geral para a quarta-feira, 20 de fevereiro, para protestar contra as exigências da Convenção Coletiva de Trabalho, que aplica supostas medidas para reduzir o desemprego, e para pedir o cancelamento da mobilização forçada de trabalhadores.
2. O velório do colaborador da junta militar, Nikos Dertilis
Na última quinta-feira, 31 de janeiro, foi realizado o velório do colaborador da junta militar grega e ex coronel, Nikos Dertilis. Deputados do Aurora Dourada assistiram à cerimônia. O arcebispo de Ambróssios, que celebrou o velório, fez referências ao ex-coronel como “um herói, como Kolokotronis (herói da revolução grega contra o império otomano) e como Sócrates”. Durante o funeral, bradaram o bordão da junta, “Grécia dos cristãos gregos”, e foram ouvidos disparos, apesar da forte presença policial. Depois dos tiros, a polícia prendeu um homem de 22 anos, suspeito de ter realizado os disparos. Durante a investigação em sua casa, a polícia encontrou 21 balas, uma faca dobrável e, segundo fontes, folhetos do Aurora Dourada.
3. Yannis Pretenderis: fomos instruídos a ocultar informações referentes à sustentabilidade da dívida grega
Yannis Pretenderis, jornalista e comentarista da MEGA, uma das principais emissoras privadas de TV, admitiu há alguns dias que ele e seus colegas receberam determinadas instruções para ocultar informações relacionadas à viabilidade da dívida grega. As instruções foram recebidas em 2010, mas ele não revelou quem as repassou. Pretenderis disse que se sabia desde o primeiro momento que a dívida grega não era sustentável, mas alguns jornalistas foram extorquidos para que não se publicasse essa informação. A importância de tais declarações é enorme, porque a intervenção da troika na Grécia foi justificada pela viabilidade da dívida. Além disso, durante esse período, todos os que se atreviam a expressar dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida recebiam duras críticas por parte dos círculos políticos e dos meios de comunicação. As declarações de Pretenderis foram dadas apenas alguns dias antes de um protesto programado pelos jornalistas em frente à sede da MEGA, onde ele trabalha atualmente.
4. VIOMET: uma fábrica autogerida
Os trabalhadores da VIOMET, uma empresa de estruturas metálicas, enfim tornarão realidade o sonho pelo qual lutaram durante meses: reabrir a metalúrgica abandonada por seu dono. A assembleia geral do sindicato tomou a decisão de por a fábrica à disposição dos trabalhadores em sistema de autogestão.
A decisão tem como objetivo garantir que eles não percam seus empregos (o desemprego na Grécia está em torno de 30%). Lembremos também que em outubro de 2011 o sindicato pediu a criação de uma cooperativa de trabalhadores sob seu controle, e pediu o reconhecimento legal do projeto, assim dos que se sucederão.
O plano de criação da cooperativa já havia sido elaborado, mas esbarrou na fria indiferença do Estado e com diversas burocracias sindicais. Mesmo assim, o projeto foi recebido com entusiasmo por parte dos empregados, que receberam um grande apoio por meio da criação da iniciativa Abertura Solidária - Abrir em Salônica e por iniciativas em outras cidades.
Os trabalhadores destacam a importânica de que haja outros projetos desse tipo em todo o país. Eles acreditam que esta é a única maneira de lidar com o crescente desemprego e o empobrecimento da sociedade.
Os trabalhadores da VIOMET fazer um chamado para realizar ações que exijam o desenvolvimento de cooperativas e que possam permitir a participação de trabalhadores de outros setores. Por isso, foi convocada uma grande assembleia e uma marcha entre 10 e 12 de fevereiro.
6. FMI: A receita não é boa, mas continuamos aplicando
Calcula-se que os lares gregos perderam 4 bilhões de euros no ano passado pela aplicação do memorando. De acordo com os dados da Direção Geral de Estatísticas da Grécia, os lares gregos tinham rendimentos de 37,2 bilhões de euros em 2011, enquanto no terceiro trimestre do ano passado a cifra caíra para 33,2 bilhões de euros (uma redução de 10,6%). As perdas devem-se principalmente à redução de salários e aposentadorias (11,3%), aos cortes nos serviços sociais (10.2%) e ao aumento de 17,7% nos impostos sobre a renda e propriedade.
Mesmo assim, os partidários da política do memorando nem sequer estão planejando introduzir mudanças nas exigências de austeridade, nem que o tempo tenha mostrado que a receita é ineficaz. Em uma entrevista a um canal francês, Christine Lagarde disse: “Claro! É um erro de estimativa.” No entanto, ela não se arrepende e o memorando “era e continua necessário”. Em vez de retificar, considera que as políticas deve continuar sendo aplicadas, mas com um pouco menos de pressão.
Lagarde também justificou o fracasso do memorando por um erro nas expectativas econômicas, como por exemplo o impacto “excessivo” nos planos de austeridade em curso. Eles agora acreditam que eles devem ser aplicados mais paulatinamente para não sacrificar o crescimento. De todas as maneiras, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, espera um crescimento positivo para a Grécia no segundo semestre deste ano, assim como uma melhora na estabilidade financeira e o superávit na conta corrente pública.
Mesmo assim, os partidários da política do memorando nem sequer estão planejando introduzir mudanças nas exigências de austeridade, nem que o tempo tenha mostrado que a receita é ineficaz. Em uma entrevista a um canal francês, Christine Lagarde disse: “Claro! É um erro de estimativa.” No entanto, ela não se arrepende e o memorando “era e continua necessário”. Em vez de retificar, considera que as políticas deve continuar sendo aplicadas, mas com um pouco menos de pressão.
Lagarde também justificou o fracasso do memorando por um erro nas expectativas econômicas, como por exemplo o impacto “excessivo” nos planos de austeridade em curso. Eles agora acreditam que eles devem ser aplicados mais paulatinamente para não sacrificar o crescimento. De todas as maneiras, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, espera um crescimento positivo para a Grécia no segundo semestre deste ano, assim como uma melhora na estabilidade financeira e o superávit na conta corrente pública.
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