Traduzido por Roberto Almeida
1. Menos de uma semana depois do segundo ataque da polícia contra a casa okupa Villa Amalia e o despejo da casa okupa Skaramagá, e apenas três dias depois da grande manifestação de solidariedade em todas as casas okupas da Grécia, a polícia grega invadiu outra casa okupa na terça-feira passada, 15 de janeiro. Foi a vez da casa okupa Lela Karagianni, no centro de Atenas, que fica ao lado de um bazar.
Pouco depois do meio-dia, a polícia entrou na casa okupa Lela Karagianni e deteve 16 pessoas no terraço do edifício, enquanto um helicóptero policial voava por sobre suas cabeças. Os detidos foram
levados para a sede da polícia de Atenas para “um controle”, enquanto outros policiais faziam buscas no edifício. Muitas pessoas se reuniram em frente à casa okupa em solidariedade aos detidos, que foram postos em liberdade horas depois, já que não foi encontrada nenhuma evidência que os incriminasse. Outra demonstração em solidariedade aos detidos aconteceu durante a tarde, quando se realizou também uma assembleia de apoio.
É preciso lembrar que essa ação aconteceu depois das intervenções policiais em outros espaços auto-organizados similares, como a casa okupa Villa Amalia, a casa okupa Skaramagá, a Rádio Entassi na
Universidade de Economia de Atenas e a casa okupa Xanadu, no norte do país. Ao fim das ações policiais nas primeiras casas okupas, 92 pessoas foram presas e acusadas de delitos graves.
No entanto, desta vez o edifício que abrigava a casa okupa Lela Karagianni pertence à Universidade de Atenas, e segundo o comunicado de imprensa do reitor, a Universidade não pediu qualquer investigação, nem suas autoridades foram informadas sobre os planos da polícia.
Mais tarde, durante a noite, uma pessoa foi presa fora da casa okupa YFANET em Salônica, durante uma batida policial aleatória na área, ao mesmo tempo em que se realizava uma assembleia.
No sábado, 12 de janeiro, aconteceram enormes manifestações de solidariedade aos detidos e às casas okupas. Particularmente em Atenas, a manifestações foi massiva, com a participação de 10 mil
pessoas, enquanto 2 mil foram às ruas em Salônica e outras se mobilizaram sem Berlim. Os 92 detidos foram liberados sob condições restritivas, mas sem fiança.
A repressão policial também se manifestou de outras formas na semana passada. Na terça-feira, 12 de janeiro, a polícia tentou atacar a ocupação da sede do banco Hellenic Postbank, também em Atenas. A
ocupação do banco, por parte de seus funcionários, havia começado três dias antes como protesto contra sua iminente privatização. Na quarta-feira, um dia depois da tentativa da polícia de desocupar a
sede do Hellenic Postbank, os funcionários participaram de uma marcha de seu sindicato, que havia convocado uma greve.
3. Na segunda-feira, 14 de janeiro, foi anunciada a absolvição de três das presas soropositivas acusadas de crimes e delitos graves. Lembremos que em maio, durante a campanha eleitoral, os ministérios da
Ordem Pública e da Saúde realizaram prisões em massa de prostitutas soropositivas. Foram detidas, no total, 27 mulheres, algumas processadas por delitos graves como “dano corporal intencional”, em
razão do HIV.
As mulheres foram expostas, e suas fotos e dados pessoais publicados na página da internet da polícia, enquanto o Ministro da Saúde as classificou como “bombas higiências”, acusando-as de propagação do
vírus letal e colocando-as como únicas responsáveis. Algumas foram postas em liberdade sob fiança e outras viram seus delitos reduzidos.
É preciso ter em mente que muitas são viciadas em drogas, e que a forma de detectar o vírus não seguiu o procedimento estabelecido, utilizando uma prova muito mais rápida, mas menos confiável,
especialmente para viciados em drogas. No final das contas, algumas delas não eram portadoras do HIV, mas isso só foi constatado depois da publicação de seus dados pessoais. O dano causada teve um impacto irreparável nessas mulheres, em suas imagens e em suas famílias.
Segundo seus advogados e o movimento criado para a defesa de seus direitos, a absolvição de três das mulheres abre caminho para a absolvição de todas. Seis delas, no entanto, continuam na cadeia.
4. No sábado, dia 12, e na terça-feira, dia 15 de janeiro, aconteceram protestos em Atenas contra a construção da mineradora de ouro em Jalkidiki. As passeatas foram convocadas pela população, pelos comitês e pelos órgãos locais. A comunidade local reclama do escândalo que diz respeito à concessão de uma grande área florestal de Skuries ao consórcio formado pela empresa canadense Eldorado Gold e a empresa grega de propriedade do magnata Giorgos Bobolas, e também porque a construção da mineradora causará danos ambientais significativos e condenará qualquer outra atividade econômica na região.
Os protestos dos moradores de Halkidiki foram reprimidos sistematicamente pelo Estado com uma brutalidade sem precedentes, com uso de balas de borracha. Na passeata do sábado passado, com presença de cerca de 3 mil pessoas, uma delegação dos manifestantes entregou uma resolução à embaixada canadense.
5. Mobilizações antifascistas foram convocadas neste sábado em várias cidades do mundo, começando por Atenas. Em virtude do aumento de crimes contra imigrantes e outros grupos sociais, e o auge do Aurora Dourada, organizações de esquerda, associações de imigrantes, sindicatos, torcidas antifascistas de clubes de futebol, e também cidadãos, artistas e acadêmicos convocaram uma grande marcha em Atenas com o objetivo de mostrar que o movimento antifascista está vivo para protestar contra as políticas do governo que apoia e acoberta as ações fascistas. Somaram-se ao chamado de Atenas movimentos antifascistas de outras partes do mundo e foram convocado protestos e ações em pelo
menos 25 cidades.
Além disso, na madrugada de quinta-feira, Sachtzat Loukma, um imigrante paquistanês, foi apunhalado e morreu pelas mãos de pessoas que dirigiam uma moto no bairro de Petralona, em Atenas. A polícia
prendeu dois suspeitos pelo assassinato e em suas casas foram encontrados flyers do Aurora Dourada. A reação imediata dos antifascistas foi organizar uma marcha de protesto durante a noite, em que participaram mil pessoas. Em declaração sobre o incidente, a Anistia Internacional afirmou que o assassinato demonstra a incapacidade da Grécia de fazer frente à violência racista e lembrou que, segundo sua publicação especial de dezembro, um dos principais riscos que os estrangeiros enfrentam no país é de ataques por parte de organizações de extrema-direita.
6. Segundo a base de dados Ameco da Comissão Europeia, publicada na semana passada, a redução nos salários dos trabalhadores gregos é de 12,3% em média entre 2010 e 2012. A porcentagem se refere ao nível nominal das receitas, sem levar em conta mudanças nos preços de bens de consumo. Se levadas em conta essas mudanças, o poder aquisitivo dos trabalhadores teve uma redução de quase 20%. Acrescentado a isso o aumento do desemprego, então o poder aquisitivo da população grega
diminuiu, de maneira geral, nos últimos três anos, 31,4%. Isso sem contar os efeitos do aumento indiscriminado de impostos, que mostraria uma redução muito mais profunda do poder aquisitivo real do trabalhador grego.
1. Menos de uma semana depois do segundo ataque da polícia contra a casa okupa Villa Amalia e o despejo da casa okupa Skaramagá, e apenas três dias depois da grande manifestação de solidariedade em todas as casas okupas da Grécia, a polícia grega invadiu outra casa okupa na terça-feira passada, 15 de janeiro. Foi a vez da casa okupa Lela Karagianni, no centro de Atenas, que fica ao lado de um bazar.
Pouco depois do meio-dia, a polícia entrou na casa okupa Lela Karagianni e deteve 16 pessoas no terraço do edifício, enquanto um helicóptero policial voava por sobre suas cabeças. Os detidos foram
levados para a sede da polícia de Atenas para “um controle”, enquanto outros policiais faziam buscas no edifício. Muitas pessoas se reuniram em frente à casa okupa em solidariedade aos detidos, que foram postos em liberdade horas depois, já que não foi encontrada nenhuma evidência que os incriminasse. Outra demonstração em solidariedade aos detidos aconteceu durante a tarde, quando se realizou também uma assembleia de apoio.
É preciso lembrar que essa ação aconteceu depois das intervenções policiais em outros espaços auto-organizados similares, como a casa okupa Villa Amalia, a casa okupa Skaramagá, a Rádio Entassi na
Universidade de Economia de Atenas e a casa okupa Xanadu, no norte do país. Ao fim das ações policiais nas primeiras casas okupas, 92 pessoas foram presas e acusadas de delitos graves.
No entanto, desta vez o edifício que abrigava a casa okupa Lela Karagianni pertence à Universidade de Atenas, e segundo o comunicado de imprensa do reitor, a Universidade não pediu qualquer investigação, nem suas autoridades foram informadas sobre os planos da polícia.
Mais tarde, durante a noite, uma pessoa foi presa fora da casa okupa YFANET em Salônica, durante uma batida policial aleatória na área, ao mesmo tempo em que se realizava uma assembleia.
No sábado, 12 de janeiro, aconteceram enormes manifestações de solidariedade aos detidos e às casas okupas. Particularmente em Atenas, a manifestações foi massiva, com a participação de 10 mil
pessoas, enquanto 2 mil foram às ruas em Salônica e outras se mobilizaram sem Berlim. Os 92 detidos foram liberados sob condições restritivas, mas sem fiança.
A repressão policial também se manifestou de outras formas na semana passada. Na terça-feira, 12 de janeiro, a polícia tentou atacar a ocupação da sede do banco Hellenic Postbank, também em Atenas. A
ocupação do banco, por parte de seus funcionários, havia começado três dias antes como protesto contra sua iminente privatização. Na quarta-feira, um dia depois da tentativa da polícia de desocupar a
sede do Hellenic Postbank, os funcionários participaram de uma marcha de seu sindicato, que havia convocado uma greve.
3. Na segunda-feira, 14 de janeiro, foi anunciada a absolvição de três das presas soropositivas acusadas de crimes e delitos graves. Lembremos que em maio, durante a campanha eleitoral, os ministérios da
Ordem Pública e da Saúde realizaram prisões em massa de prostitutas soropositivas. Foram detidas, no total, 27 mulheres, algumas processadas por delitos graves como “dano corporal intencional”, em
razão do HIV.
As mulheres foram expostas, e suas fotos e dados pessoais publicados na página da internet da polícia, enquanto o Ministro da Saúde as classificou como “bombas higiências”, acusando-as de propagação do
vírus letal e colocando-as como únicas responsáveis. Algumas foram postas em liberdade sob fiança e outras viram seus delitos reduzidos.
É preciso ter em mente que muitas são viciadas em drogas, e que a forma de detectar o vírus não seguiu o procedimento estabelecido, utilizando uma prova muito mais rápida, mas menos confiável,
especialmente para viciados em drogas. No final das contas, algumas delas não eram portadoras do HIV, mas isso só foi constatado depois da publicação de seus dados pessoais. O dano causada teve um impacto irreparável nessas mulheres, em suas imagens e em suas famílias.
Segundo seus advogados e o movimento criado para a defesa de seus direitos, a absolvição de três das mulheres abre caminho para a absolvição de todas. Seis delas, no entanto, continuam na cadeia.
4. No sábado, dia 12, e na terça-feira, dia 15 de janeiro, aconteceram protestos em Atenas contra a construção da mineradora de ouro em Jalkidiki. As passeatas foram convocadas pela população, pelos comitês e pelos órgãos locais. A comunidade local reclama do escândalo que diz respeito à concessão de uma grande área florestal de Skuries ao consórcio formado pela empresa canadense Eldorado Gold e a empresa grega de propriedade do magnata Giorgos Bobolas, e também porque a construção da mineradora causará danos ambientais significativos e condenará qualquer outra atividade econômica na região.
Os protestos dos moradores de Halkidiki foram reprimidos sistematicamente pelo Estado com uma brutalidade sem precedentes, com uso de balas de borracha. Na passeata do sábado passado, com presença de cerca de 3 mil pessoas, uma delegação dos manifestantes entregou uma resolução à embaixada canadense.
5. Mobilizações antifascistas foram convocadas neste sábado em várias cidades do mundo, começando por Atenas. Em virtude do aumento de crimes contra imigrantes e outros grupos sociais, e o auge do Aurora Dourada, organizações de esquerda, associações de imigrantes, sindicatos, torcidas antifascistas de clubes de futebol, e também cidadãos, artistas e acadêmicos convocaram uma grande marcha em Atenas com o objetivo de mostrar que o movimento antifascista está vivo para protestar contra as políticas do governo que apoia e acoberta as ações fascistas. Somaram-se ao chamado de Atenas movimentos antifascistas de outras partes do mundo e foram convocado protestos e ações em pelo
menos 25 cidades.
Além disso, na madrugada de quinta-feira, Sachtzat Loukma, um imigrante paquistanês, foi apunhalado e morreu pelas mãos de pessoas que dirigiam uma moto no bairro de Petralona, em Atenas. A polícia
prendeu dois suspeitos pelo assassinato e em suas casas foram encontrados flyers do Aurora Dourada. A reação imediata dos antifascistas foi organizar uma marcha de protesto durante a noite, em que participaram mil pessoas. Em declaração sobre o incidente, a Anistia Internacional afirmou que o assassinato demonstra a incapacidade da Grécia de fazer frente à violência racista e lembrou que, segundo sua publicação especial de dezembro, um dos principais riscos que os estrangeiros enfrentam no país é de ataques por parte de organizações de extrema-direita.
6. Segundo a base de dados Ameco da Comissão Europeia, publicada na semana passada, a redução nos salários dos trabalhadores gregos é de 12,3% em média entre 2010 e 2012. A porcentagem se refere ao nível nominal das receitas, sem levar em conta mudanças nos preços de bens de consumo. Se levadas em conta essas mudanças, o poder aquisitivo dos trabalhadores teve uma redução de quase 20%. Acrescentado a isso o aumento do desemprego, então o poder aquisitivo da população grega
diminuiu, de maneira geral, nos últimos três anos, 31,4%. Isso sem contar os efeitos do aumento indiscriminado de impostos, que mostraria uma redução muito mais profunda do poder aquisitivo real do trabalhador grego.
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