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Monday, 11 February 2013

Boletim semanal da Grécia #6 - 9 de fevereiro de 2013

Traduzido por Roberto Almeida

1. Torturas da polícia grega

No sábado, 2 de fevereiro, a polícia prendeu quatro pessoas entre 20 e 25 anos, em Velvento do Kozani, suspeitos de roubo e de serem membros da organização terrorista Células de Fogo. Eles estavam com fuzis AK-47. Os detidos, que deixaram claro suas afinidades políticas com a anarquia, foram levados à delegacia, onde foram torturados e humilhados durante quatro horas. Eles sofreram lesões graves, com ferimentos visíveis, e perda dos sentidos. Mesmo assim, os detidos não foram levados ao hospital, mas sim à sede da polícia de Ática, onde permaneceram durante várias horas sem contato com advogados ou familiares. Em seguida, a polícia publicou suas fotos na internet, claramente retocadas para ocultar as lesões. Os familiares que puderam vê-los apenas horas depois denunciaram tortura, mesmo com os detidos algemados e sem opor qualquer resistência. De acordo com as denúncias, quando finalmente os presos, gravemente feridos, foram transferidos para o hospital. Agentes armados do corpo antiterrorista da polícia estiveram presentes durante todos os exames médicos e o tratamento necessário, e ainda ameaçaram os médicos.

Em uma entrevista a um canal de TV, o ministro da Ordem Pública admitiu que as fotos haviam sido retocadas “porque os presos precisavam estar reconhecíveis, já que o propósito da publicação das fotos era para que alguém os reconhecesse e trouxesse mais informações à polícia.” Na verdade, o ministro admitia que a surra foi tão grande que os suspeitos detidos não poderiam ser reconhecidos.

Além disso, é bastante grave que o discurso dos meios de comunicação tenha tentado justificar a tortura, alegando a culpa dos detidos por roubo e seus contato com a organização terrorista, que até agora não foram provados.

Para mais informações sobre as torturas, os comunicados e os informes, pode-se consultar as publicações da Anistía Internacional e a associação grega para Direitos Humanos.

Enquanto isso, foram aceitas as denúncias de um grupo de jovens antifascistas, que foram detidos em setembro durante uma marcha. Eles afirmam que houve tortura policial no período em que estiveram detidos no quartel. O ministro de Ordem Pública havia questionado a veracidade da denúncia e ameaçado processar o jornal britânico The Guardian por publicar as informações, o que nunca se concretizou.

2. As ameaças a um jornalista da revista Unfollow

No novo número da revista mensal Unfollow, distribuída no dia 31 de janeiro, foi publicada reportagem sobre um caso de contrabando de petróleo, em que estão envolvidas as empregas gregas Petróleos Gregos e Aegean Oil. No dia seguinte, o jornalista responsável pela investigação, Lefteris Jaralambopoulos, recebeu uma ameaça por telefone em seu escritório, na sede da revista. O interlocutor se identificou como proprietário da Aegean Oil, Dimitris Melissandis. O número de telefone da chamada, de fato, pertence à empresa. A ligação durou 20 minutos. Durante a conversa, o jornalista foi ameaçado com um processo. De acordo com ele, o jornalista fez um esforço para tentar acalmar a situação, mas a reação do interlocutor foi no caminho oposto, e ele acabou ameaçando o jornalista e sua família.

Os editores da revista pediram às autoridades que assumam suas responsabilidades e investiguem a chamada, mas até agora não receberam uma resposta. O sindicato de jornalistas ESIEA lançou um comunicado exigindo das autoridades proteção aos jornalistas e liberdade de imprensa. Dias depois, o magnata negou que tivesse sido o autor da ligação.

3. O caso de Konstantina Kuneva

No Natal de 2008, a sindicalista dos trabalhadores de limpeza, Konstantina Kuneva, foi atacada com ácido por pessoas não identificadas. Konstantina ficou gravemente ferida, com o rosto bastante deformado, e perdeu a visão de um olho. Durante a investigação do caso, revelou-se que o ataque fora orquestrado por seu empregador, como represália à sua intensa atividade sindical. De fato, Konstantina liderou a criação do sindicato de trabalhadores de limpeza, exigindo melhores condições de trabalho e a aplicação da legislação vigente, o que normalmente não acontece.

Na terça-feira, 5 de fevereiro, cinco anos depois do ataque, o tribunal de Pireus realizou uma audiência do caso.

4. Mobilizações dos agricultores

Na segunda-feira, 4 de fevereiro, os agricultores retomaram seus protestos, bloqueando estradas no norte da Grécia. Cerca de 200 tratores foram à estrada entre Salônica e Serres, mas marcharam sem impedir o trânsito e com uma presença policial discreta. No mesmo dia, outro grupo de tratores se concentrou em um lado da estrada, na junção com a autopista em Larissa, também sem impedir o trânsito. No entanto, segundo testemunhos, a polícia bloqueou o acesso de veículos e desviou o trânsito para ruas laterais. Quando cidadãos perguntaram o porquê, a polícia respondeu que “apenas executavam ordens.” Na terça-feira também foram organizados bloqueios em Creta.

Também na terça-feira, 4 de fevereiros, sindicalistas da agricultura foram a condenados a oito meses de prisão por “impedir o trânsito”, resultado de protestos similares que aconteceram em 2008.

5. Greves

As greves continuaram nessa semana. No dia 5 de fevereiro, jornalistas da mídia estatal entraram em greve para protestar contra a assinatura dos convênios coletivos. Os jornalistas também realizaram uma reunião na sede de seu sindicato, o ESIEA. Na terça-feira, decidiram continuar a greve por mais um dia.

Nos dias 5 e 6 de fevereiro, os estivadores realizaram uma nova paralisação de 48 horas para cobrar salários atrasados desde o ano passado, a continuidade de seus planos de saúde através de seus órgãos de seguridade social e a manutenção dos convênios coletivos. A greve foi convocada depois de falharem as negociações com o ministro responsável pelas políticas marítimas. O ministro, apesar de ter se comprometido a não fazê-lo, impôs uma mobilização forçada na terça, o que motivou os estivadores a continuarem a greve até sexta. A mobilização forçada começou na manhã de quarta-feira. A confederação dos trabalhadores da Grécia condenou a política autoritária do governo e convocou uma greve de 24 horas em toda a região de Ática (Atenas). O Centro de Trabalhadores de Pireus também convocou uma greve de 24 horas na quarta-feira. O Sindicato dos Estivadores estava decidido a continuar a greve e conclamou os trabalhadores a não abrirem as cartas oficiais que lhes obrigariam a ir trabalhar. Na terça, os estivadores realizaram uma ocupação simbólica no porto de Pireus. Centros de trabalhadores de outras cidades também convocaram uma greve em solidariedade, mas ao cabo, o Sindicato dos Estivadores decidiu cancelar a greve em outros portos para concentrar a luta no porto de Pireus.

Os motoristas de ônibus e tróleis fizeram na quarta-feira uma paralisação de 4 horas em solidariedade aos estivadores. Na madrugada de quarta, a polícia agiu contra a barreira de greve no porto, que faziam os piquetes, mas a situação foi normalizada horas depois. Na quarta pela manhã, o Sindicato dos Estivadores e o Sindicato do Partido Comunista fizeram uma manifestação em frente à sede do Ministério de políticas marítimas em Pireus, que foi bloqueada pela polícia. O ministro se negou a receber os grevistas, aceitando apenas a presença da secretária geral do Partido Comunista, Aleka Papariga. A greve dos estivadores se prolongou até segunda-feira.

Por último, o Sindicato de Funcionários e o Sindicato do Partido Comunista se uniram à convocatória de greve de 24 horas em todo o país, marcada para o dia 20 de fevereiro, como já havia feito a Confederação dos Trabalhadores da Grécia. Os trabalhadores protestam contra a mobilização forçada e pedem a volta dos convênios coletivos.

6. Protesto pela morte de outro imigrante

No dia primeiro de fevereiro, um vendedor ambulante senegalês morreu eletrocutado ao cair nos trilhos de metrô de Atenas, enquanto fugia da polícia municipal, que fazia uma batida para controlar comércio ilegal.

Na terça-feira, 5 de fevereiro, as associações de imigrntes, junto com associações de jovens e movimentos cidadãos fizeram um protesto em Atenas para denunciar essa morte e criticar a política de imigração do governo, assim como os maus tratos que sofrem os imigrantes.

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